VAMOS FALAR SOBRE MEDO

Sempre tento ver o lado bom em tudo, mas preciso dizer que sinto medo.

Sinto medo de sair na rua mais arrumada, medo de ser simpática, medo de estar bonita demais, medo de andar sozinha de carro e parar no engarrafamento, medo de dar de cara com alguém previamente mal intencionado ou com alguém cuja má intenção vai surgir no momento em que me encontrar.

Tenho simplesmente medo.

Mas, tenho sorte também. Consigo deixar que meu medo não invada meus pensamentos e não se torne devastador a ponto de me privar de estar vestida como quero, de ser simpática, de parecer bonita demais, de andar sozinha de carro, de viver.

Toda mulher já sofreu algum tipo de violência, mas imagino aquelas que passaram por situações terríveis e incontornáveis, que sofreram violências sérias e as que, de tanto verem injustiças sendo feitas por aí, perderam a vontade de viver. Essas vivem nas sombras e, por não terem forças para ser quem são, simplesmente não são mais e estão à margem, esperando que alguém as resgate de si mesmas.

Muito triste ver que situações brutais não resultam em nada mais que culpa nas próprias vítimas. Culpa pelas circunstâncias em que se encontravam, pelas companhias, pelas suas roupas.

Tantos são os motivos que a cada um que é  atribuído, temos o dobro em vítimas.

Parem de procurar justificativas enquanto há mais de 50 mil almas sendo dilaceradas a cada ano no Brasil.

Parem de dizer que somos iguais enquanto 1 em cada 5 mulheres será violentada sexualmente durante a vida.

Parem com essa cultura de opressão, com os olhares que devoram, com as seguradas de braço na noitada, com as esbarradas intencionais nos transportes públicos, com a forçação de barra de todos os tipos.

Homens,
É preciso sutileza, educação e RESPEITO.
Somos frágeis, mas não fisicamente. Estamos carentes de justiça e valorização.


Mulheres,
Precisamos defender umas às outras e parar de nos sabotar.

Nossa união poderá construir uma legião de carinho e empatia e quem sabe até ajudar a transformar a vida das quem sofrem caladas, das que já sofreram.

Vocês não estão sozinhas!

Desculpem-me se falhei em algum sentimento, se não expressei com cautela alguma dor, mas represento apenas uma de vocês e também estou despedaçada. Me ajudem. Se ajudem.

Clarissa Lima


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