QUEDAS, SUBIDAS E OUTRAS VERDADES


Na semana passada enquanto eu estava no Parque Lage, esse miquinho caiu de uma altura absurda e fez um barulho surreal, igual ao de uma fruta quando cai da árvore e se despedaça toda ao alcançar o chão. 
Ficamos parados, assustados e com pena dele, que estava com uma carinha de medo, de dor, acoado, assustado talvez pela quantidade de pessoas em volta.
Eu não consegui "abandoná-lo" ali mas também não consegui chegar muito perto com medo de assustá-lo e ele, por ventura, querer sair correndo para se proteger e acabar se machucando.
Graças a Deus como um bom brasileiro, ele se levantou ainda meio atordoado, mas de boa foi subindo nas árvores lentamente e de repente desapareceu da minha vista.
Fiquei pensando naquilo durante um tempo, porque imaginei a dor física que ele sentiu pela queda, mas o que me intrigou mesmo foi a rapidez com a qual ele aparentemente a superou.
Sinceramente, só depois percebi que o miquinho nessa situação representa muitos de nós, que estamos sempre caindo, levando tapas na cara diários de pessoas e situações, mas nos levantamos repetidas, inúmeras e infinitas vezes em busca de algo que só nós sabemos o que é. 
Às vezes nos julgam como fortes demais e simplesmente param de valorizar nossas quedas e apenas questionam o porquê de estarmos sempre tentando subir.
Às vezes essas quedas são de alturas absurdas e machucam muito, mas com dificuldades, vamos nos erguendo. Sozinhos. E daí a medida em que caímos novamente já não dói tanto.
O fato é que cada um que olhar pra nossa situação vai pensar uma coisa diferente e vai agir para conosco à sua maneira, mas o mais importante é que as pessoas respeitem o nosso tempo de levantar, de sair correndo de novo e não nos peguem pelo braço sem a nossa permissão, e não invadam nosso espaço sem que a gente peça ajuda. Que apenas estendam as mãos para sabermos que temos onde segurar quando quisermos levantar.
Que apenas nos respeitem na queda e na subida.
E quando levantarmos, pode ser que a gente precise de ajuda também pra continuar subindo mais.

Não somos os únicos que caímos, não somos os únicos que vencemos, nossa verdade não é absoluta.

Ao longo da vida a gente vai descobrindo o que busca para ser feliz, vai sentindo as dores das nossas quedas ao longo deste processo e as pessoas com quem podemos contar nesses dois momentos igualmente importantes, que não nos façam cair por elas, mas que estendam as duas mãos por nós independentemente da situação, ou que simplesmente não nos atrapalhem em nosso processo de recuperação diário e constante.


Clarissa Lima

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