Somos todos sensuais
Sempre liguei sensualidade ao ato de ser sensual, de ser atraente e desejado sexualmente falando.
Recentemente venho mudando vários de meus conceitos e alguns deles, sem dúvidas, são sobre valorizar o simples, estar mais em contato com os nossos mais profundos sentimentos, nos respeitar como seres humanos falhos e nos perdoar pelas falhas que cometemos e por aquilo que ainda não compreendemos diariamente.
Procurei a etmologia da palavra sensualidade no pai dos curiosos, o Google. Assim, do nada. Só porque eu senti que queria mudar meu conceito sobre isso também. Pimba.
ETIM lat.tar. sensualĭtas,ātis 'faculdade de perceber sensações, sentir, sensibilidade'.
Pensei mil coisas. A primeira foi sobre quanta distorção demos ao longo do tempo para a palavra. Como tudo o que propagamos sobre a mulher, o link com a identificação sexual ficou óbvio, claríssimo, curto e grosso. Lembrei das propagandas de biquini, das lingeries insinuantes, dos sex shops com espartilhos e outros utensílios com a promessa da criação de uma sensualidade instantânea.
Pensei no quanto a mulher se preocupa em estar impecável fisicamente para se sentir desejada. Entre batons vermelhos, decotes, perfumes, depilações, rios de dinheiro com pacotes estéticos e mais uns 30 ou 40 anos de depressão e cartão de crédito estourado.
Tudo, muitas vezes, gasto apenas para garantir sucesso em tentativas, para atrair o macho alfa certo. Aquele que vai chegar perto, querer ficar, levar para o motel ou pra casa dele (o que for mais conveniente para ele, claro) e depois não ligar no dia seguinte.
Claro que também têm aqueles que nos dão a honra de namorá-los e que ao longo do relacionamento nos fazem "sutis" sugestões sobre o tamanho e cor do nosso cabelo, sobre o que gostam que vestimos, sobre usar certas roupas apenas na presença deles, sobre cores de batom, sobre para onde olhamos, sobre o horário que chegamos em casa, sobre as nossas companhias, sobre a louça que se acumula na pia, sobre as roupas mal passadas, sobre o filho que está chorando...
Quando chega nesse estágio, as sugestões já viram obrigações para nós. Somos levemente manipuladas e passamos a incorporar um papel. Paramos de sentir prazer com as coisas, de sorrir com liberdade, de acordar e ser. Qualquer coisa. De nos sentir. Perdemos a nossa sensualidade, que é natural, é espontânea, é só nossa para conosco. É o contato com o que há de mais íntimo em nós, do mais simples ao mais visceral.
Do olhar ao orgasmo. De um toque ao mais profundo abraço.
Sensualidade é pessoal e intransferível. Cada pessoa pode ter a sua. É a mais imperfeita composição do que cada um é, o que naturalmente provoca nas pessoas nas mais diversas situações.
Em um mundo tão grande e diverso é um pecado mortal tentar criar padrões. É jogar centenas de identidades no lixo, é ignorar milhões de desejos e formas únicas de sentir o mundo, as pessoas, o sexo, a amizade, o amor.
Nascemos com instintos naturais e ao longo da vida os abandonamos para nos tornarmos seres produzidos em massa. Não tem como isso ser sensual. Se perdeu a essência, perdeu a sensualidade.
Sejamos sensuais. Todos. Do nosso jeitinho, com o nosso olhar perdido, sem querer achar ninguém. Sejamos sensuais numa risada escandalosa ou em um riso mais tímido também. Sejamos sensuais bêbados numa porta de bar ou saindo de uma igreja, sejamos sensuais ao sentir aquilo que buscamos verdadeiramente e vamos atrair exatamente aquilo que também está procurando por nós.
A sensualidade está num espartilho como está numa calcinha bege. Que preservemos o que sabemos, o que sentimos, o que queremos para assumir quem somos. Não há nada mais sensual que um comportamento natural.
Não dá pra disfarçar quando um beijo não foi bom, não rola forçar um sexo. Ser sensual demanda termos prazer naquilo que fazemos, demanda intensidade, pureza, incoerência, incerteza, um pouco de loucura e verdade, instinto, tesão, vontade. Sem filtro. Tudo aquilo de que é feito um real exemplar de ser humano.
Clarissa Lima
Recentemente venho mudando vários de meus conceitos e alguns deles, sem dúvidas, são sobre valorizar o simples, estar mais em contato com os nossos mais profundos sentimentos, nos respeitar como seres humanos falhos e nos perdoar pelas falhas que cometemos e por aquilo que ainda não compreendemos diariamente.
Procurei a etmologia da palavra sensualidade no pai dos curiosos, o Google. Assim, do nada. Só porque eu senti que queria mudar meu conceito sobre isso também. Pimba.
ETIM lat.tar. sensualĭtas,ātis 'faculdade de perceber sensações, sentir, sensibilidade'.
Pensei mil coisas. A primeira foi sobre quanta distorção demos ao longo do tempo para a palavra. Como tudo o que propagamos sobre a mulher, o link com a identificação sexual ficou óbvio, claríssimo, curto e grosso. Lembrei das propagandas de biquini, das lingeries insinuantes, dos sex shops com espartilhos e outros utensílios com a promessa da criação de uma sensualidade instantânea.
Pensei no quanto a mulher se preocupa em estar impecável fisicamente para se sentir desejada. Entre batons vermelhos, decotes, perfumes, depilações, rios de dinheiro com pacotes estéticos e mais uns 30 ou 40 anos de depressão e cartão de crédito estourado.
Tudo, muitas vezes, gasto apenas para garantir sucesso em tentativas, para atrair o macho alfa certo. Aquele que vai chegar perto, querer ficar, levar para o motel ou pra casa dele (o que for mais conveniente para ele, claro) e depois não ligar no dia seguinte.
Claro que também têm aqueles que nos dão a honra de namorá-los e que ao longo do relacionamento nos fazem "sutis" sugestões sobre o tamanho e cor do nosso cabelo, sobre o que gostam que vestimos, sobre usar certas roupas apenas na presença deles, sobre cores de batom, sobre para onde olhamos, sobre o horário que chegamos em casa, sobre as nossas companhias, sobre a louça que se acumula na pia, sobre as roupas mal passadas, sobre o filho que está chorando...
Quando chega nesse estágio, as sugestões já viram obrigações para nós. Somos levemente manipuladas e passamos a incorporar um papel. Paramos de sentir prazer com as coisas, de sorrir com liberdade, de acordar e ser. Qualquer coisa. De nos sentir. Perdemos a nossa sensualidade, que é natural, é espontânea, é só nossa para conosco. É o contato com o que há de mais íntimo em nós, do mais simples ao mais visceral.
Do olhar ao orgasmo. De um toque ao mais profundo abraço.
Sensualidade é pessoal e intransferível. Cada pessoa pode ter a sua. É a mais imperfeita composição do que cada um é, o que naturalmente provoca nas pessoas nas mais diversas situações.
Em um mundo tão grande e diverso é um pecado mortal tentar criar padrões. É jogar centenas de identidades no lixo, é ignorar milhões de desejos e formas únicas de sentir o mundo, as pessoas, o sexo, a amizade, o amor.
Nascemos com instintos naturais e ao longo da vida os abandonamos para nos tornarmos seres produzidos em massa. Não tem como isso ser sensual. Se perdeu a essência, perdeu a sensualidade.
Sejamos sensuais. Todos. Do nosso jeitinho, com o nosso olhar perdido, sem querer achar ninguém. Sejamos sensuais numa risada escandalosa ou em um riso mais tímido também. Sejamos sensuais bêbados numa porta de bar ou saindo de uma igreja, sejamos sensuais ao sentir aquilo que buscamos verdadeiramente e vamos atrair exatamente aquilo que também está procurando por nós.
A sensualidade está num espartilho como está numa calcinha bege. Que preservemos o que sabemos, o que sentimos, o que queremos para assumir quem somos. Não há nada mais sensual que um comportamento natural.
Não dá pra disfarçar quando um beijo não foi bom, não rola forçar um sexo. Ser sensual demanda termos prazer naquilo que fazemos, demanda intensidade, pureza, incoerência, incerteza, um pouco de loucura e verdade, instinto, tesão, vontade. Sem filtro. Tudo aquilo de que é feito um real exemplar de ser humano.
Clarissa Lima
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